segunda-feira, 7 de julho de 2008

Abbas Kiarostami e O Cinema Iraniano






Há tempos ensaio escrever sobre o cinema iraniano. Desde que assisti pela primeira vez Close-up de Abbbas Kiarostami no cineclube Rogério Senganzerla ligado a Universidade Federal de Santa Catarina. A vontade de escrever surgiu, na verdade, quando liguei o nome de Kiarostami ao do diretor de "O balão branco", Jafar Panahi. Jafar co-dirigiu diversos filmes de Kiarostami, entre eles "Através das Oliveiras", uma de suas obras mais conhecidas.






Kiarostami e Jafar trazem para o universo cinematográfico, um pequeno país perdido no oriente médio: o Irã. Quem poderia supor a transgreção estética de Close-up, vinda de um lugar do qual temos notícia apenas em função do petróleo ou de sua posição estratégica.



Segundo a linha cinematográfica sugerida por Kiarostami, podemos citar o nome de Malkmalbafh, cineasta muito conhecido no Irã e por quem a "personagem" de Sabazian faz-se passar em Close-up. Pelo que o filme demonstra, Malkmalbafh faz parte do clássico cinema iraniano, retratando sempre em seus filmes o sofrimento do povo do Irã.






Ademais de sofrimentos e angústias, a imagem que tenho do povo do Irã está mterializada naqueles olhinhos "pidões" da personagem central de "O balão branco", a menina Razieh de cerca de dez anos que tem como seu maior desejo comprar um peixinho dourado. O auxiliar de direção de Kiarostami, Jafar Panahi, nos faz percorrer o caminho pela captura do dinheiro que compraria o peixe, sob a ótica das descobertas infantis sobre a vida, Um filme leve como o flutuar de um pequeno balão ao vento.






Voltando ao começo, Kiarostami é conhecido como um divisor de águas no cinema iraniano. O filme de que posso falar, Close-up, é uma simbiose entre a lingüagem documental e a ficcional. Sabazian é um cidadão comum, no entanto, com um entendimento extraordinário da arte cinematográfica que se faz passar por um diretor famoso: Makmalbafh. Ele acaba sendo acolhido, então, por uma familía que acredita em sua farsa e lhe concede dinheiro e mimos em função de sua posição de cineasta famoso.






Sendo Sabazian um cidadão de classe baixa do Irã, ele não possui recursos para produzir cinema e vê na sua farsa a oportunidade de realizar seu grande sonho: um filme. Além do mais, sendo Makmalbafh, ele gozava de todos os mimos daquela família de classe media alta, ele se encontra então numa posição até então não experimentada: de uma pessoa especial. O filme de Kiarostami se passa em maior parte durante o julgamento de Sabazian, que pretensamente é filmado em tempo real.






Os pontos a se destacar de Close-up são justamente o não-saber quando estamos assistindo a realidade e quando estamos vendo uma narrativa de ficição, o objetivo do diretor, acredito, ser justamente este.






O depoimentos de Sabazian são um caso a parte, ele destaca o cinema como sua válvula de escape, nos faz pensar sobre a importância da democratização do audiovisual e ainda, de quem sem só de pão vive o homem, como já diz o provérbio popular.






Por fim, gostaria de destacar as últimas seqüências de Close-up, em que acontece o encontro entre Makmalbafh e Sabazian, nosso "herói" chora como um bebê ao deparar-se com seu "Super-eu". Logo após, a seqüência em que eles tomam uma moto com direção à casa da família molestada pela farsa de Sabazian. Os problemas no aúdio, caracterizam o realismo de um filme singular, onde somo ludibriados pela 7ª arte e que, como ocorre muitas vezes em nossas vidas, nos questionamos sobre o limite entre realidade e ficção.






Um comentário:

Anônimo disse...

móóó
duas atualizações seguidas...
vou ler quando puder.
beijo

Marcelo