domingo, 19 de agosto de 2007

Rainer Fasbinder e seu Querelle no Cineclube Lanterninha Aurélio


Nesta quarta última(15/08/07) foi exibido, no cineclube vinculado a Cesma, o filme Querelle:ALE/FRA(1982). O diretor, Rainer Fassbinder, faz parte do cinema novo alemão, e em seus filmes está acostumado a tratar das paixões intímas de suas personagens como forma de abordar o retrato de uma época. Se atém, especificamente, a década de 1970 e às marcas que ficaram nesta sociedade pós-guerra, testemunhando suas dificuldades economicas, políticas, morais e sexuais. Técnicamente, Fassbinder é um grande diretor de cena, com planos minuciosamente desenhados sempre objetivando causar um forte impacto estético na tela.




Na adaptação da obra homônima de Jean Genet, Querelle, é um filme que se configura o mais homossexual da carreia deste diretor, assumidamente gay. A personagem principal do filme é um marinheiro amoral, interpretado por Brad Davis de "O Expresso das 24h", que provoca paixões avassaladoras tanto em homens quanto em mulheres, entre elas a dignissíma atriz francesa, Jeanne Moreau. As vítimas de seu charme tendem a sentir uma forte pulsão de morte.


Esta personagem, então, poderia muito bem encaixar-se num esteriótipo da pós-modernidade, pois transita entre várias identidades sexuais, sem definir-se durante todo o filme, justificando-se pela eterna busca pelo prazer, lema desses novos tempos em que vivemos, ou acreditamos viver.




Traçando um paralelo entre o que é exposto no filme e os escritos do sociológo Norbert Elias na obra Os Alemães, podemos afirmar que o aumento extraordinário das riquezas nacionais, durante o século XX, e sua conseqüente distribuição acarretaram uma maior preocupação com coisas que antes nao estavam em pauta, como as desigualdades socias, sexuais e religiosas. Conseqüentemente, houve uma perda do poder por parte de setores outrora consolidados, como a sociedade patriarcal ou mesmo a aristocracia que deu lugar a uma república democrática alemã. Surgem, então, alguns movimentos de emancipação como o feminismo, luta pelos direitos homossexuais, países explorados colonialmente, em contexto alemão. Tudo isso gera uma incerteza de status e uma crescente busca de identidade social em uma sociedade onde se operam diversas mudanças muito velozmente. O século XX, portanto, foi o século da instabilidade. O filme se encaixa nestes conceitos à medida em que expõe uma personagem envolta nesta sociedade da incerteza, em meio a um mundo tão artificialmente construido, quanto o cenário de Querelle. Tudo seria conseqüência de uma sociedade que carrega traumas e que desde a década de 1940 vem tentando reconstruir a sua auto-imagem.

domingo, 12 de agosto de 2007

Antonioni no Cineclube da UNIFRA


Este mês o cinema sofreu com a perda de dois grandes mestres, Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. Ambos produziam um tipo de cinema que mais se aproxima da arte, filmes que fazem pensar, recheados de críticas sociais.No sábado último(11/08/07) o cineclube vinculado à UNIFRA exibiu uma das principais obras de Antonioni “Profissão Repórter(1975)”, dentro do ciclo que se propõe a discutir a (a)normalidade humana.




No filme de Antonioni nos deparamos com alguém que é incapapaz de se enquadrar e integrar numa socieade, o repórter David Locke vivido por Jack Nicholson. Algo muito semelhante ao tema abordado por Bergman no maravilhoso Persona(1966) em que a as personagens de Liv Üllman e Bibi Anderson, também não estão satisfeitas com o papel que representam para o mundo. Persona era a máscara utilizada no teatro grego para dar ao ator a aparência que a personagem exigia. Um dos grandes nomes da Psicologia, Yung utilizava o conceito de persona, como a personagem que nós, inconscientemente, resolvemos representar perante o mundo. Em ambos os filmes então, Profissão Reporter e Persona, há uma discussão sobre aquilo que somos e as personas que podemos assumir perante o mundo.




Na película de Bergman, a queda das máscaras acontece durante o retiro em uma ilha, quando as duas personagens centrais entrarão em conflito com os papéis de atriz bem sucedida e enfermeira casadoira. Já no filme de Antonioni, o questionamento é quase uma brincadeira, pois se expressa na fuga do próprio "eu", réporter famoso, para a figura de uma outra pessoa "o traficanre de armar de um país africano".




David Locke é um repórter que está fazendo um documentário sobre as guerrilhas que acontecem na África. Cansado de sua rotina estafante, ele vê a oportunidade de mudar de vida quando um traficante de armas, com mesmo biotipo que o seu, morre. Ele resolve assumir o papel do morto, saindo em viagens pela Europa e África, negociando com agentes perigosos e conhecendo uma jovem fascinante, vivida pela singular Maria Schineider de "O último Tango em Paris(1972)".




Portanto ambos diretores, Bergman e Antonioni, fazem um cinema com vocação metafísica, questionando a naturalidade com a qual encaramos o mundo. Muitas das questões referentes a pós-modernidade, como personagens que representam figuras vazias e desprovidas de valores já eram abordadas por eles nas décadas de 60 e 70.




Se o ciclo propõem-se a discutir as (a)normalidades, o filme de Antonioni foi muito bem escolhido pois a alma de David é vazia e ácida. O furto de identidade nos remete a um conceito de Lacan que aborda o sujeito como uma diferenciação entre a ordem do imáginário e a ordem do simbólico. O repórter projeta seus desejos na figura do traficante. No entanto, seu sonho de liberdade não saí com o esperado, demonstrado que nem sempre o que projetamos no campo do simbólico pode ser vivido na realidade.

terça-feira, 7 de agosto de 2007



Lucia e o Sexo de Julio Meden em cartaz nesta quarta(08/08/07) no cineclube Aurélio Lanterninha no auditório da Cesma

Não é nenhuma novidade que Santa Maria não possui mais salas de cinema. No entanto, os cineclubes parecem estar em plena atividade na cidade. Esta semana, em particular, está bastante movimentada em termos cinematográficos, com o ciclo de cinema do curso de História da UFSM, que apresenta "Brasil em close up", no auditório da Antiga Reitoria e a nova temporada de filmes no cineclube Lanterninha Aurélio da Cesma, que tem como tema "Só para maiores...".

O filme a ser exibido nesta quarta-feira (08/08/07) na Cesma é o drama espanhol, Lúcia e o Sexo(2001), dirigido por Julio Meden e com duração de 128 minutos. A película conta, numa seqüência não linear, a história de uma garçonete que conhece um escritor chamado Lorenzo, no café onde trabalha. A partir deste encontro nasce uma grande paixão, recheada de descobertas sexuais inusitadas, que tornam o filme bastante apimentado, incluindo close-up's do órgão sexual masculino. No entanto, Lorenzo desaparece sem nenhuma explicação aparente, fato este que leva Lucia a sair em busca de uma cura para seu desespero diante desta perda. A moça acaba numa belissíma ilha no Mediterrâneo, onde encontrará respostas que vão muito além do paradeiro de seu namorado.

Neste filme há um elemento bastante inquietante: a presença do sexo sem o propósito de apenas estimular nosso voyerismo. O Sexo como arte, como o desencadeador de um processo de questionamento e auto-conhecimento. Parece simples? Mas não é. Acostumados que estamo aos apelos visuais da indústria cinematográfica, assistir a um filme como "Lúcia e o sexo" é no mínimo inquietante. Tanto que na primeira vez em que o assisti, estava na sala sozinha, até que, justamente na cena do close do órgão genital de Lorenzo, minha colega de apartamento resoveu levantar para ir ao banheiro. Não sabia o que fazer. Mudar de canal ou fingir que esta é uma cena muito comum a filmes que não sejam pornográficos? Optei pela segunda.

Acredito que a inquietude seja emblemática para explicar este filme, pois o diretor, Julio Menden, pretende justamente isso: provocar o sentimento. Ele utiliza o sexo, então , como fonte de vitalidade, transformação, força, idéia de continuidade e fim do ser humano. As emoções são o fio condutor das ações de suas personagens, nem sempre permeadas por razões lógicas. Inconseqüentes e inquietantes. Os resultados de toda essa impulsividade nem sempre são os melhores. Mas e qual vida pode ser tão planejada como um roteiro, com principio , meio e fim, tudo correndo perfeitamente?

Muitas vezes mal interpretada, esta película valhe a pena não pela ousadia da imagem, não pela que está explicito, mas pelo implícito, pelo que nos é tão natural e do qual muitas vezes nos envergonhamos. O sexo, o eu, o amor, a verdade, tudo que está em dúvida. Num roteiro muito bem amarrado e com uma luminosidade estonteante, o filme desta quarta não deixa nada a desejar ao que poderia estar sendo exibido nas salas comerciais que escontm-se fechadas.








Dicas para um bom café passado:


Algumas pequenas dicas são bastante importantes na hora de preparar um bom café. Em primeiro lugar, é interessante que o café seja consumido imediatamente após preparado, ou no máximo uma hora depois de pronto.


Um detalhe bastante imprescindível no preparo do café, que muitas vezes pode passar despercebido, é o tempo de contato entre o pó de café e a água. Para que se obtenha um café cremoso, quentinho e saboroso basta seguir algumas dessas indicações:
1)Para montagem fina até 4 minutos;


2)Para montagem média de 4 a 6 minutos;


3)Para montagem grossa de 6 a 9 minutos.


Por fim, é necessário, sim, utilizar uma medida exata ao passar um café. Utilize 80 a 100 gramas(cerca de 5 a 6 colheres de sopa) para 1 litro de água. Se ainda assim, seu café resultar amargo, áspero ou desagradável, é bom diminuir o tempo de contato com a água, diminuindo a quantidade do pó.

Fonte:www.sindcafesp.com.br