domingo, 12 de agosto de 2007

Antonioni no Cineclube da UNIFRA


Este mês o cinema sofreu com a perda de dois grandes mestres, Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. Ambos produziam um tipo de cinema que mais se aproxima da arte, filmes que fazem pensar, recheados de críticas sociais.No sábado último(11/08/07) o cineclube vinculado à UNIFRA exibiu uma das principais obras de Antonioni “Profissão Repórter(1975)”, dentro do ciclo que se propõe a discutir a (a)normalidade humana.




No filme de Antonioni nos deparamos com alguém que é incapapaz de se enquadrar e integrar numa socieade, o repórter David Locke vivido por Jack Nicholson. Algo muito semelhante ao tema abordado por Bergman no maravilhoso Persona(1966) em que a as personagens de Liv Üllman e Bibi Anderson, também não estão satisfeitas com o papel que representam para o mundo. Persona era a máscara utilizada no teatro grego para dar ao ator a aparência que a personagem exigia. Um dos grandes nomes da Psicologia, Yung utilizava o conceito de persona, como a personagem que nós, inconscientemente, resolvemos representar perante o mundo. Em ambos os filmes então, Profissão Reporter e Persona, há uma discussão sobre aquilo que somos e as personas que podemos assumir perante o mundo.




Na película de Bergman, a queda das máscaras acontece durante o retiro em uma ilha, quando as duas personagens centrais entrarão em conflito com os papéis de atriz bem sucedida e enfermeira casadoira. Já no filme de Antonioni, o questionamento é quase uma brincadeira, pois se expressa na fuga do próprio "eu", réporter famoso, para a figura de uma outra pessoa "o traficanre de armar de um país africano".




David Locke é um repórter que está fazendo um documentário sobre as guerrilhas que acontecem na África. Cansado de sua rotina estafante, ele vê a oportunidade de mudar de vida quando um traficante de armas, com mesmo biotipo que o seu, morre. Ele resolve assumir o papel do morto, saindo em viagens pela Europa e África, negociando com agentes perigosos e conhecendo uma jovem fascinante, vivida pela singular Maria Schineider de "O último Tango em Paris(1972)".




Portanto ambos diretores, Bergman e Antonioni, fazem um cinema com vocação metafísica, questionando a naturalidade com a qual encaramos o mundo. Muitas das questões referentes a pós-modernidade, como personagens que representam figuras vazias e desprovidas de valores já eram abordadas por eles nas décadas de 60 e 70.




Se o ciclo propõem-se a discutir as (a)normalidades, o filme de Antonioni foi muito bem escolhido pois a alma de David é vazia e ácida. O furto de identidade nos remete a um conceito de Lacan que aborda o sujeito como uma diferenciação entre a ordem do imáginário e a ordem do simbólico. O repórter projeta seus desejos na figura do traficante. No entanto, seu sonho de liberdade não saí com o esperado, demonstrado que nem sempre o que projetamos no campo do simbólico pode ser vivido na realidade.

Um comentário:

pedroantunes disse...

mto bem!!!
existe um cineclube na unifra!!! hehehe
ótimo txto!!! amei toda a base teórica!!!
mto chic!!!
bjooos bibi!!!